quarta-feira, 4 de abril de 2012

Crónica de Francisco da Silva (Todas as Quartas-feiras) - 4/4/2012

"Meus senhores, como todos sabem, há diversas modalidades de Estado. Os estados sociais, os corporativos e o estado a que chegámos. Ora, nesta noite solene, vamos acabar com o estado a que chegámos! De maneira que, quem quiser vir comigo, vamos para Lisboa e acabamos com isto. Quem for voluntário, sai e forma. Quem não quiser sair, fica aqui!" [1]

Foram estas as palavras que o Capitão Salgueiro Maia proferiu na madrugada de 25 de Abril de 1974 antes de rumar a Lisboa para colocar um ponto final no estado a que Portugal tinha chegado. Faz hoje 20 anos que faleceu esta referência da nossa história. Este homem foi um dos principais responsáveis por uma garantia que nós portugueses temos hoje: nenhum regime dura para sempre.
Vivemos em Portugal dias de indefinição política. Já conseguimos todos compreender que de momento somos governados pela troika e não por um qualquer governo legitimado democraticamente através de eleições. Foi eleita uma coligação que ao contrário do que se propunha não está a governar o país, mas  que apenas se limita a traduzir para português as ordens da referida troika.
Salgueiro Maia falava das várias formas de estado e bem. Aproveitemos o dia em que recordamos o vigésimo aniversário da sua morte para pensar um pouco sobre  a questão de quem governa e quais os interesses que procuram satisfazer. Abril foi construído para que a sociedade portuguesa pudesse evoluir e sair da pobreza e miséria a todos os níveis que viviam. Ganhámos serviços públicos como as escolas e os hospitais, houve uma democratização do poder político, conquistámos direitos laborais... enfim um sem número de coisas boas.
Passados 20 anos da morte de Salgueiro Maia temos um governo que se propõe a exercer políticas que no final dos 4 anos de legislatura terão revogado todas essas conquistas em nome de interesses que ainda ninguém percebeu quais são.
É um governo de pequenos Salazares, indigentes política e intelectualmente. São incompetentes na função de servir os cidadãos e sem qualquer noção do que é a causa pública. O nosso governo não é mais que um mordomo dos interesses de outros países e impões medidas que nos farão retroceder meio século, que nos vão tornar em trabalhadores baratos para servir a indústria europeia a valores competitivos com os Asiáticos. Não haja ilusões que é isto que irá acontecer... a menos que nos decidamos a seguir o exemplo do capitão de abril e aceitarmos ser voluntários para colocar um ponto final no estado a que chegámos.


Francisco da Silva


[1]    http://pt.wikipedia.org/wiki/Salgueiro_Maia

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