1º de Maio
Ontem foi dia do trabalhador, dia em que se celebra a luta pelas 8 horas de trabalho, 8 horas de descanso e 8 horas de lazer.
No mesmo dia em que se celebra esta e outras conquistas a nível dos direitos laborais, o primeiro-ministro veio dizer aos portugueses que “temos de estar preparados, para vivermos pelo menos durante dois ou três anos, com níveis de desemprego a que não estávamos habituados, ele não vai desaparecer de um dia para o outro.”[1]
Por mais voltas que dê, não consigo perceber esta frase. Como é que um país se prepara para viver durante anos a fio com a única certeza que o desemprego vai continuar a subir?
Não consigo entender como é que se nega assim o futuro a milhares e milhares de pessoas promovendo a miséria? Este governo promove activamente políticas de destruição do Estado como quem faz a demolição de um edifício.
As bases deste edifício têm sido as aparentes melhorias da condição socioeconómica de muitas pessoas que se deram no período do final dos anos 80 até ao final da década de 90.
Essas mesmas pessoas, hoje, quando entregam as suas casas, reconhecem que lhes foi vendida uma ilusão. Foi o crédito que serviu para a direita comprar tempo e conquistar a opinião pública. Foi o crédito que consegui dar a ilusão que afinal era o capital quem tinha a melhor solução para a definição de uma sociedade.
Assim, as pessoas foram abandonando a ideia da classe a que pertencem, levando os trabalhadores a pensarem que eram patrões, quando atingiam o patamar da“classe média”.
Quando, de repente, o capital nos tira o tapete do crédito e ao mesmo tempo a direita tem maiorias amplas nos governos por essa Europa fora, percebemos que o nosso nível de vida é pior que o de Portugal dos anos 70.
Pior porque há 30 anos caminhava-se para uma (r)evolução social e hoje caminhamos para uma regressão rumo a um governo autoritário. Pior porque há 30 anos as famílias não estavam tão endividadas como hoje.
É preciso que os jovens prestem atenção às palavras do primeiro-ministro. Ele já disse várias vezes para emigrarmos porque com o seu governo Portugal não tem futuro. Já assumiu a sua incompetência para criar emprego e resolver os problemas do país. Ouçam as suas palavras e pensem numa alternativa porque ele próprio diz que com o governo de direita não vamos lá.
Pensem na alternativa e construam essa alternativa.
É o nosso futuro que está em jogo, não podemos esperar mais.
* O autor escreve às Quartas-feiras no Blog da Associação Iniciativa Jovem. Esta crónica refere-se ao texto da Quarta-feira passada que não pode ser publicado
[1] http://sicnoticias.sapo.pt/economia/article1522679.ece
Existe outro caminho. É necessário escolhe-lo e caminha-lo.
ResponderEliminarExcelente texto.